Limeira a Capital Das Bijouterias e Semijoias
Limeira a Capital Das Bijouterias e Semijoias

 

A cidade de Limeira, a 154 quilômetros de São Paulo, já foi conhecida, em um passado não muito distante, como a  terra da laranja. Ganhou fama também por abrigar um parque industrial com grandes empresas na área de máquinas e bens de capital. Mas hoje, com 270 mil habitantes, o município se torna  cada vez mais uma referência nacional na produção de joias folheadas e bijuterias feitas com  metais.

 

São aproximadamente 500 empresas formalizadas no setor, além de outras dezenas que estão  em fase de formalização. Juntas, produzem em torno de 50 toneladas de peças mensais e geram em torno de 40 mil empregos diretos e indiretos, o que corresponde a quase um terço da população economicamente ativa do município. Estes dados, entre outros requisitos, credenciam Limeira como a 'Capital Brasileira da Joia Folheada', rótulo que a cidade espera conseguir oficialmente brevemente.

 

De acordo com o secretário de Turismo e Eventos de Limeira, Domingos Furgioni, cerca de 70% dos visitantes que chegam à cidade integram o chamado turismo de negócios. "Desta parcela, a  maioria pertence ao  segmento das joias folheadas", afirma. Estimativas apontam que 60% das joias folheadas produzidas no Brasil são de Limeira. A cidade  também representa 60% do faturamento nacional do setor obtido com a exportação.

Início - Apesar da explosão no crescimento ser recente, a história da indústria de folheados de Limeira é antiga e está relacionada às famílias tradicionais de ourives que se instalaram na região no século passado. A Joias Cardoso, por exemplo, a primeira grande empresa local do setor, foi fundada em 1938. Dedicada à produção industrial de joias, foi era considerada, na época, a maior empresa do setor no País, com mais de 100 funcionários.

 

Na década de 1960, com a instabilidade econômica do País e o constante aumento no preço do ouro, o setor de joias entrou em declínio. Devido à redução do poder aquisitivo da população, as joias folheadas e bijuterias mais baratas passaram a ser mais procuradas. Acompanhando e se adaptando à nova  tendência, empresas começaram a ser criadas na cidade e a tradição ganhou  força. Os funcionários começavam a trabalhar bem jovens, aprendiam uma profissão e montavam negócio próprio, gerando centenas de pequenas empresas familiares.

 

"O polo de Limeira  ainda possui esse perfil. Até hoje predominam na cidade as micro e pequenas empresas de capital social familiar. Elas são um exemplo de Arranjo Produtivo Local (APL) que, apesar de entraves como a informalidade e a baixa automação, tem dado certo", ressalta Ângelo de Munoro, organizador da Feira Internacional de Joias Folheadas, Brutos, Máquinas, Insumos e Serviços (Aljoias), a maior feira brasileira do segmento que acontece duas vezes por ano na  cidade.

Consolidação - O boom local do setor beneficiou-se do desaquecimento da indústria de maquinários na década de 1980. Com isso, grande parte da mão de obra agrícola e metalúrgica migrou para a produção de joias, o que tornou Limeira um polo de atração de novas empresas do ramo. Nos últimos anos, mais de 30 empresas migraram para o município, provenientes principalmente de Guaporé (RS) e Juazeiro do Norte (CE), também considerados polos estratégicos de produção de semijoias e bijuterias.

 

Para o organizador da Aljoias, a concentração de empresas na cidade também se deve às ações implementadas para aquecer o setor, como a criação da Associação Limeirense de Joias (ALJ), que reune cerca de 150 empresários. "A entidade colabora bastante para o treinamento de mão de obra, além de promover eventos como a Aljoias", ressalta Ângelo.

 

A última edição da Feira, entre julho e agosto últimos, atraiu mais de 10 mil pessoas de vários estados do Brasil e de países como Sri Lanka, Grécia, Colômbia, Índia, Nigéria, Peru, Chile, Estados Unidos, Suriname, Venezuela, Argentina, Canadá, Itália, Emirados Árabes e Turquia. O evento movimentou cerca de R$ 30 milhões em negócios na cidade.

 

Comércio -Segundo o presidente da ALJ, Rodolfo Mereb, a entidade luta para revitalizar a avenida Marechal Arthur da Costa e Silva, que concentra em torno de  300 lojas de joias folheadas. "Esta via tem que se consolidar como um polo comercial, com centro de informações aos turistas, segurança reforçada, restaurantes e instituições bancárias. Também pleiteamos a oficialização da cidade como a Capital Brasileira da Joia Folheada", afirma.

 

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Limeira (Acil), Valter Zutin Furlan, além da revitalização da principal avenida comercial, a cidade precisa investir na rede hoteleira. "Somente com uma melhor infraestrutura receptiva, o município poderá continuar em um processo de crescimento", conclui o dirigente.